Zeca Baleiro, via portapeper.com |
Hoje
(3/8/12), postei no Facebook que estava ouvindo uma música de Zeca Baleiro.
Gosto de seu estilo e de suas letras bem trabalhadas.
Claro
que nem tudo é possível aproveitar daquilo que ele escreve. Uma pena, porque
tem muita letra ruim (do ponto de vista bíblico) em música boa. Por isso, quando copiei o CD para meu computador (comprei o CD original), desprezei (não copiei) 4 músicas que entendi não serem ideais quanto ao seu conteúdo. Como não devemos aceitar tudo sem uma crítica, também não podemos jogar tudo fora sem uma crítica (1Ts 5.21).
Bem,
minha postagem no Facebook foi mais com a intensão de dizer, àqueles que me
acompanham, "olha, eu estou vivo e relaxando um pouco", apenas isso.
Mas,
um bom amigo me alertou sobre o que o Zeca Baleiro disse recentemente a
respeito de Deus e dos crentes. Do ponto de vista do site que indicou e de
muitos que comentaram a respeito, foi extremamente negativo. Pois ele disse
"que crentes são 'praga do Egito' e afirma que 'Deus está morto'".
Bem, esta última frase é a manchete do tal site
“gospel” que reproduziu uma parte do artigo da coluna do Zeca Baleiro na revista
IstoÉ.
Por
causa deste artigo, aliás, muito mais por causa da propaganda que o site gospel
fez, muita gente começou a reagir contra o que o músico escreveu, execrando-o
de todas as formas. Alguns poucos faceboocanos lembraram que antes de tudo o
músico é tão necessitado do amor de Deus como qualquer ser humano.
Como
esta é uma postagem de blog não posso me delongar. Por isso, passo às considerações:
1. A proposta do artigo original não foi falar de Deus ou de crentes – muito embora fosse difícil fugir destes assuntos, mas falar sobre fundamentalismo. Tanto que o tema é:
Fundamentalistas
Todo
fundamentalismo é perigoso, seja quando se trata de religião, política,
economia, nacionalismo ou até em temas "prosaicos" como futebol e
música.
2. A divulgação do site gospel é
tendenciosa, pois se ateve apenas aquilo que lhe interessou. Inclusive já
tirando conclusões no próprio título da manchete que criou, sem permitir que seus
leitores pensassem por si só.
3. O que disse Zeca Baleiro:
a. Disse: “Não creio em Deus. Pelo menos não da mesma forma que um cristão ou um
muçulmano. Tenho apreço pelos ritos católicos e curiosidade por vidas de
santos, isso por ser um amor aprendido na infância – e amores da infância são
(quase) eternos. O “Deus” que me interessa é um Deus mais “filosófico” (ou
mesmo “teológico”) que um Deus santíssimo. Aí está a grande questão. A
filosofia é, grosso modo, a possibilidade de relativizar as coisas, e para as religiões
não há relativização possível. Ou é céu ou inferno, ou pecado ou virtude,
ou Deus ou diabo, bem ou mal.” – Considero: Com esta
declaração Zeca Baleiro tornou-se um homem de fácil acesso à pregação do
evangelho. Agora você sabe como ele pensa e pode ir direto ao assunto com as argumentações
certas. Ele apenas expressou o pensamento hodierno - relativista e permissivo.
Vamos execrar todos que pensam assim ou que não concordam conosco? (isso é
fundamentalismo). (Atos 26)
b. Disse: “Seja como for, religião é um assunto que me interessa. E que ultimamente
me preocupa. Porque noto que as religiões estão todas se tornando um tanto
fundamentalistas (e não só o islamismo, como já é sabido). Todo fundamentalismo
é perigoso, seja quando se trata de religião, política, economia, nacionalismo
ou até em temas “prosaicos” como futebol e música (conheço alguns “fundamentalistas
de mesa de bar”, aqueles sujeitos de opinião irredutível que têm a convicção
dos crentes e a falta de humor dos fanáticos).” Considero: Podemos
dizer que ele está errado aqui? O fundamentalismo realmente é perigoso em
qualquer assunto. Porque fundamentalismo, via de regra, é a exacerbação do
fanatismo que não pensa e não aceita pensar. (Lc 9.51-56; Gl 2.11-21)
c. Disse: “Entre os anos 60 e 70, muitos americanos se converteram ao islamismo,
entre eles personalidades pop como o lutador Classius Clay e o cantor Cat
Stevens. Isso ajudou bastante a difundir a doutrina islâmica mundo afora. Era
charmoso, com uma certa tinta contracultural até. Naquela altura, ninguém
imaginaria que a religião islâmica seria a máquina de morte em que se
transformou hoje. Hoje também evangélicos às pencas, dispostos a carregar mais
ovelhas para seu rebanho, invadem a internet como pragas no Egito para difundir
seu pensamento moral totalitário em comentários nem sempre felizes ao pé de
blogs e sites de notícias. E os católicos buscam, com a Renovação Carismática e
sob o comando de um papa sem carisma, a volta dos fiéis pela espetacularização
da fé através da missa-show e do sermão-palestra motivacional.” Considero: Muita
gente se ofendeu quando Zeca Baleiro, sutilmente, comparou os evangélicos com o
islamismo. Mas os evangélicos hoje não fazem a mesma coisa que o Islamismo fez
na década de 60 e 70? Mostram ao mundo seus troféus celebridades, atores,
atrizes, cantores... sempre mais com a intenção de atrair cada vez mais gente
nova para o rebanho que glorificar a Deus por Sua obra salvívica. Se não fosse
assim, cada crente novo, por mais celebridade que fosse, ficaria sentadinho no
banco aprendendo o “ABCD” da fé que é “OBDC” ao Senhor e viver piedosamente. E o que falar dos sermões-palestra-motivacionais que tem mais auto-ajuda (centrado no homem) que Palavra de Deus? Sem
contar as pataquadas (essa é da minha avó) que somos obrigados a ver, ler e
ouvir na internet produzidos pelos teólogos de conversa porta de igreja. São sim,
em boa medida como uma praga que se alastra...
d. E por
fim... Disse: “A falência das liturgias e o avanço de uma visão
fundamentalista do mundo são sintomas do que Nietzsche, não por acaso um
filósofo, decretou bem antes de nós, com a certeza de um crente: “Deus está
morto.” Com esses questionamentos acerca da fé, me indago: estarei eu sendo um
fundamentalista também?” Considero: Zeca Baleiro não disse que Deus está morto
apenas citou Nietzsche, que aliás nem disse isso e sim um personagem de uma
história que ele propôs. Bem, o fato que se Zeca Baleiro crê que Deus está
morto ele não é diferente de muito “crente” que vive como se Deus estivesse
morto, ou no mínimo, como se Ele não devesse se intrometer na vida do Homem. Mais
uma vez o músico dá as chaves para sua mente e coração. Quem tiver coragem e,
sobretudo, argumento bíblico coerente que demonstre amor ágape para com o Zeca
Baleiro e leve-o a conhecer a Jesus Cristo.
Estou defendendo o músico Zeca Baleiro? Absolutamente não.
Apenas um advogado será útil a ele, Jesus Cristo, o justo (1Jo 1.1,2).
Quanto ao título – Zeca Baleiro vai para o céu – foi
apenas um jogo de marketing para fazer você chegar até aqui. Na verdade, foi
isso que o site gospel fez, criou uma manchete e prendeu a atenção de quem se
interessou. Porque queriam discutir o assunto? Não. Apenas queriam saber sobre
quem poderíamos falar mal hoje. Isso também é fundamentalismo.
Eu não sei o que vai acontecer com o Zeca, só Deus
sabe!
Só sei de uma coisa que Jesus ensinou seus discípulos e
que John Stott nos ajuda a lembrar em seu livro “Crer também é pensar!.
Pense
além do senso comum... Sole Deo Gloria